Golpismo tardio

Anistiar os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro é exatamente aderir tardiamente ao golpismo. Isso tem o valor de um sinal muito eloquente para aqueles que acham, outra vez, que a democracia está garantida, as liberdades estão garantidas no Brasil e a Constituição tem o respeito público.

Essa anistia é tão vergonhosa do ponto de vista ético quanto o próprio golpe a que ela beneficiaria. Ela é parte do golpismo. Não pode ser aprovada.

E eu acho que não será, porque, embora não se conte com o apoio firme e decidido da mídia contra esse crime antidemocrático, é muito difícil que o Senado tenha a coragem de enfrentar a provável reação a essa anistia. Porque ela vai se estender, não vai ficar apenas naqueles magrinhos que atacaram os símbolos dos Três Poderes e, portanto, da Constituição Brasileira no dia 8 de janeiro.

O que essa anistia visa não é essa gente. Visa Bolsonaro e a cúpula bolsonarista - principalmente os militares, que, no final da história, são os promotores do golpismo. Bolsonaro, até por não ter capacidade mínima para coisa alguma, foi apenas um testa de ferro no militarismo de direito, ao qual essa anistia quer servir também.

A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras